Corpo de dor

O corpo de dor é como uma entidade, um campo energético, que se aloja temporariamente no espaço interior, é energia vital que ficou presa, energia que já não flui, está bloqueada.

Naturalmente, o corpo de dor está presente devido a determinados acontecimentos que aconteceram no passado, é o passado que existe vivo no presente dentro de ti…. Torna-se numa identidade de vítima, é a convicção de que o passado é mais poderoso do que o presente, o que é o oposto da verdade. É a crença de que o que as outras pessoas te fizeram, são responsáveis por quem és agora, pela tua dor emocional e pela incapacidade de veres o teu verdadeiro Eu. 

A inconsciência tem a capacidade de o gerar, mas a consciência transmuta-o em si mesmo. Tudo surge para ser exposto à luz e tudo o que é exposto à própria luz se transmuta. Para isso é necessário olhá-lo de frente, o que implica aceitá-lo como parte do que tudo existe, e no momento em que se observa o corpo de dor, sentir o seu campo energético retirando a atenção dele, logo a identificação para com ele se desvanece automaticamente. 

O caminho que nos conduz à religação e ao encontro com as nossas feridas, sentimentos rejeitados e tudo o que sentimos no corpo, pode começar por um aperto no coração, a respiração presa e pesada, o que causa tensão e desconforto. Quando nos permitimos dar um passo na nossa própria honestidade e vulnerabilidade conseguimos ganhar forças para fazermos o que nunca fizemos, de ir onde nunca fomos, de nos amarmos como nunca nos amamos. Quando o fazemos, desde este lugar de profunda vulnerabilidade, parece que nos vamos desfazer, mas não, é o coração a expandir, parece que é insuportável, porém com calma se torna suportável, a vida suporta as nossas próprias mortes em vida.

É neste mesmo sentido que conto a minha própria história, do meu corpo de dor quando se manifestou, pois nunca o tinha permitido escutar o que foi dizendo bem baixinho, foi preciso que a própria vida me fizesse parar com esse corpo de dor, com a doença da Fibromialgia (incurável) e o sofrimento que tudo isso acarretava. Eu era aquela pessoa que estava sempre disponível para os outros, trabalhava 7 dias por semana, com uma filha pequena e tudo o que envolvia ter uma vida familiar. Foi perante este cenário que o meu corpo gritou bem alto e disse: “Já chega!”. Como consequência, de ter sido forçada a parar com a doença, a depressão também se juntou para me levar ao fundo do poço. Já mesmo naquela altura de forma inconsciente sabia internamente, sem conseguir ainda explicar esse conceito do (sentir), que tinha de aprender algo com aquela doença aos meus 28 anos. 

Precisava saber quem era, o que vinha cá fazer e encontrar respostas às quais já vinha a fazer desde de miúda, quais as lições que tinha de aprender e que experiências vinha adquirir, e o que tudo isso implicaria. Como curiosa que sou, eu tinha de encontrar uma maneira de me libertar da armadura que tinha adquirido até ali, do apego, de mostrar a minha verdade e essencialmente que eu estava em primeiro lugar, sendo Eu a pessoa mais importante neste mundo. Na verdade, a partir dali comecei devagar a me permitir ser mais eu própria, pois não restava mais nada senão aceitação e resiliência perante o estado em que me encontrava, o entrar em pura rendição para me libertar da armadura, o despir de mim mesma de quem fui até ali. Com mudanças pelo meio nunca desisti de procurar as respostas às minhas inquietudes e consegui respostas em vários cursos de desenvolvimento pessoal, através de exercícios de libertação emocional e muitos de meditação. 

Porém se passaram uns longos sete anos, onde se tornou possível esse renascer, aceder com coragem ao corpo de dor, às minhas dores ocultas pela minha sombra, um mergulhar profundo à ferida de alma, foi preciso me dar colo, me acolher, deixar morrer o velho, um ciclo de morte e desapego com tudo aquilo que não me servia mais, ressignificar a minha história até ali. Era necessário que o novo pudesse renascer em mim e através de mim, a partir de dentro para fora e evoluindo para outros estágios e foram todas estas superações que fizeram com que me conectasse à minha missão e propósito de vida. 

Posso afirmar que foi uma autêntica morte e renascimento de quem eu era, através das ferramentas que utilizei para a Cura da doença da fibromialgia e, mais tarde, um atropelamento em que fiquei com muitas mazelas físicas e psicológicas que se foram dissipando ao longo do tempo. 

Mas é através do nosso centro que sabemos que é possível nos relacionarmos com tudo o que se move no nosso interior e conectando com a compaixão, o amor por nós mesmos e ao mesmo tempo, podendo conviver com qualquer emoção ou sentimento que designamos como contraditório. É nesta honesta e aberta conexão com o nosso corpo e alma onde tudo o que se move se integra para o grande propósito da nossa Cura, Integração e União de um todo!

A dor chega e abre um portal de transformação, conexão com a Alma, a nossa Essência. É a partir daqui que começamos a escutar a nossa Voz, a reconhecer nossa força interna e o propósito da nossa Alma. 

Mas como isto é um processo contínuo, e tal como todos, também eu continuo com o meu próprio processo de descoberta das camadas que precisam de ser limpas e curadas.

É desta forma que te aconselho, e por experiência própria, como deves ter consciência da importância do auto valorização, do cuidar do teu corpo, da tua alma, do teu sentir, das tuas emoções e não só apenas cuidar do teu veículo, chamado corpo. 

Agora de coração te peço, não te esqueças de forma alguma de ti própria, tu És a pessoa mais importante e deves te colocar em primeiro lugar e não apenas pensar em primeiro lugar de cuidar dos outros. 

A vida sempre nos pede para viver em estado total de presença, no aqui e no agora, é assim que a magia acontece!

Se te sentes a viver, nessa dor e não sabes como sair desse estado, pede ajuda!

Se assim o entenderes, eu estou aqui para te ajudar neste processo porque por vezes é difícil sair sozinha.

“Uma dimensão superior de consciência aconteceu, consegues agora estar em total presença, és a testemunha ou o observador do corpo de dor. Significa que ele já não te pode usar mais, fingindo que és tu… 

Descobristes a tua própria força mais secreta: o poder da presença.”

Eckhart Tolle (A Prática do Poder do Agora)